sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Velha figueira

               Estes versos foram inspirados pela força e beleza de cada uma das figueiras que tive o prazer de fotografar em  minhas andanças pelo interior. Rendo a elas todo o meu respeito e gratidão, rogando ao criador que as proteja da fúria insana do (mal)dito progresso.

Velha Figueira

Era uma figueira de alma velha
destas impregnadas de memórias
que lembrava tempos ancestrais
se ergueu  silenciosa e lentamente
aprofundando suas raízes chão a dentro
quantas vidas abrigou em seus robustos braços
açoitados por duros temporais
quantos a sua sombra repousaram
desapercebidos de sua grandeza
E ainda ontem, mesmo solitária e triste
lá no alto da coxilha resistia
mas o homem inconsciente
pobre de alma e de mente
ao som de golpes inclementes
apagou cem anos de repente

 











 
 

 
 

 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Porteiras

                           As porteiras me fascinam... Fico pensando no que pode haver  escondido, bem lá no fundo, onde só a imaginação consegue chegar...   Como me instiga essa sensação de que algo nunca visto vai surgir, logo ali, na próxima curva do caminho...  Por isso esse meu gosto por andar, andar... seguir sempre adiante, até, quem sabe,  cruzar novamente com uma desconhecida porteira na estrada, e aí, então, ficar  ali, inerte, ainda que só por um instante, feito seus mourões, suas pedras empilhadas,  vigiando,  enquanto espicho a vista, para além da entrada. Ah, que inveja que eu tenho do vento quando passa por mim... e entra!